Daniel Alberto Bernard, diretor-geral da NetplaN Consultoria e Coordenador da Câmara Setorial de Franchising da ACP
Os brasileiros historicamente sempre foram seguidores de tendência. Copiam o que vêem quando viajam ao exterior ou até mesmo pelo Brasil, ou mais recentemente quando pesquisam na web. Confundem os verbos “descobrir” e “inventar”. Inovar não significa mudar ligeiramente a marca, a cor ou a logomarca de algo já existente. Quem faz isto são os seguidores de tendências, e que se submetem a serem eventualmente processados por desrespeito a patentes ou à Propriedade Intelectual.
A inovação pode estar relacionada ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, mas também pode estar relacionada ao desenvolvimento da equipe, aos canais de venda utilizados, à imagem e comunicação. O sistema de franchising permite a uma empresa inovar e se diferenciar a partir da escolha de novos canais de venda e de distribuição para seus produtos e serviços. E pode contemplar todas estas dimensões.
Vivemos num mercado globalizado e o ciclo de vida dos produtos tem se tornado mais curto a cada dia. Inovar não é exclusividade de grandes multinacionais como a Dupont, a 3M e a Microsoft, reconhecidas como empresas muito inovadoras. Há brasileiros de fato inovadores, muito antenados com as evoluções tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor. Além de proteger suas ideias, estas pessoas precisam ser rápidas ao lançar novos produtos, precisam ganhar escala rapidamente e ganhar em capilaridade para não serem ultrapassados pelos seguidores da tendência que eles mesmos criaram. Redes de distribuição de uma maneira geral, e redes de franquia em particular, estão em geral muito bem posicionadas para lançar ideias inovadoras que requeiram capilaridade e venda assistida.
Se o consumidor atual continua exigente e está cada dia mais conectado, e tem maior preocupação com a saudabilidade, conceitos de Natural HealthyFood passam a proliferar no mercado, em contraposição a produtos com excesso de conservantes. Numa confecção, o que há de comum entre as diferentes coleções muitas vezes não é nada além da marca e seu posicionamento no mercado. Se as pessoas passam a adquirir mais imóveis fora das cidades onde vivem, redes imobiliárias passam a obter maiores benefícios de escala. Se as pessoas passam a dispor de mais tempo livre, negócios relacionados a turismo, lazer e entretenimento passam a se tornar mais atraentes. Atividades antes consideradas até certo ponto supérfluas passam a se tornar interessantes, pelo menos até a próxima crise econômica. Mas podem complementar o mix de alguns conceitos de negócio, que podem vender mais para um mesmo cliente.
A preocupação com a rentabilidade e a perpetuidade das empresas está no DNA dos líderes inovadores. Mais do que inovadores, os grandes líderes são capazes de romper paradigmas. Quando todos caminham para a mesma direção, eis que surge um “maluco” dizendo que o melhor caminho é para outro lado e tudo deve ser reinventado. Superar os paradigmas de mercado está na cabeça dos verdadeiros inovadores e faz parte da Missão de grandes grupos empresariais e também, ao contrário do que pensam algumas pessoas, da Missão das principais redes de franchising.
Artigo publicado no Jornal Gazeta do Povo em 10/07/2014